Bernardo Collares

Difícil e fácil escrever sobre o Bernardo. Difícil pela complexidade de realizações em sua vida: grande montanhista, grande dirigente, grande camarada. Fácil pela leveza em que levava sua vida.

Conheci Bernardo em 1995, quando fazíamos karatê na Academia Kobukan, no Flamengo. Éramos alunos dos mestres Tanaka e do falecido Ronaldo. Nesta época, eu havia montado uma expedição ao sul do Chile, começando por Rio Gallegos (Argentina), indo a Torres del Paine, Pucon, Osorno e terminando nas montanhas de Bariloche. Estava com um problema: iria viajar com uma colega de trabalho e tinha uma namorada ciumenta. Consegui encaixar o Bernardo nesta viagem ao saber que ele iria para o Peru. E lá fomos nós para a Equinox para ele comprar os equipos para a viagem.

Depois desta viagem, consegui convencê-lo a fazer o CBM do Carioca. Ele temia pelas escaladas… dizia que o negócio dele eram as caminhadas e não escaladas…. ahahahha. Terminado o CBM, Bernardo teve uma carreira meteórica no montanhismo. Em duas semanas escalou a Leste do Pico Maior, depois o Paredão C 100, Dedo de Deus, Agulha. Alguns meses depois já era presidente do CEC. E já demonstrava um talento nato para negociação: conseguiu me convencer a pertencer à diretoria do CEC. E eu que havia jurado a mim mesmo não entrar em política de clube…

Da Interclubes vieram as conversas para a fundação de uma federação no estado. Apesar de o Bernardo não ser o primeiro Presidente da FEMERJ, ele foi o associado numero 001 e trabalhou muito nos primórdios da Federação. Tacaram muita pedra, criticaram muito (eu fui um deles!) e ele sempre disposto ao diálogo… impressionante.

Pertenci a FEMERJ como vice-presidente dele e pude acompanhar o trabalho do Bernardo de perto… político nas horas certas, agregador… PRESIDENTE. Ele era o cara que dizia a nós da diretoria quando tínhamos que amarrar o sapato, escovar os dentes, pentear o cabelo…

Também foi figura fundamental na criação da CBME e de tantas outras federações e associações pelo Brasil afora. E o cara ainda escalava horrores…

Bom, o Bernardo se foi. Deixou um enorme legado para nós admirarmos e mantê-lo. Missão difícil. Estamos órfãos. Não temos mais ele ao nosso lado… teremos que aprender, sozinhos, a amarrar o sapato, escovar os dentes…

Que descanse em paz…

Waldecy Lucena

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