Carnaval, segundo o dicionário “o período de três dias anteriores à Quarta-Feira de Cinzas dedicado a festejos, bailes, desfiles e folguedos populares (no passado, equivalia ao entrudo )”. Para muitos, momento de planejar qual bloco irão, horários, organizando uma logística bisonha capaz de incluir vários no mesmo dia. Muita energia e disposição para aproveitar o feriadão. Mas para outros, os blocos também não saem da cabeça, mas na verdade são constituídos de outras matérias bem sólidas, pelo menos é o que esperamos! Escolhemos só se serão de arenito, calcário, granito, basalto e por aí vai.
Neste carnaval, escolhemos blocos de Granito, mas as águas de março não nos deixaram escalar os maiores e desejados. Então, resolvemos mudar o foco para bloquinhos, não tão enormes e impactantes como os Três Picos e o Capacete, mas com novas rotas acompanhadas de muita emoção e parceria. Eu nunca tinha presenciado uma conquista e tive a oportunidade de viver essa experiência em um carnaval chuvoso. Foram duas vias bem legais e que se tornaram projetos para mim, cada uma por um motivo.
A primeira via foi conquistada de cima para baixo, aí você pergunta, “Como assim?” Então, o Marquinhos, montou a ancoragem final da via e passamos um dia livrando os lances e marcando quais os pontos para após terminarmos esse processo, incluirmos as chapas e que estas ficassem posicionadas de uma maneira boa para costurarmos. Achei incrível essa experiência de pensarmos em quem vai guiar a via na hora de uma conquista. Isso já me deixou super animada, saber que os conquistadores fazem isso eu já sabia, mas viver essa experiència é muito legal. Essa foi a “vida cigana”, via conquistada na Falésia Medieval, Vale da Mariana, Três Picos, e acreditamos que seja um 6+ / 7a.
Como esse sábado de carnaval foi tão animado e motivante para mim, aceitei o convite do marquinhos de tentarmos conquistar outra Via, mas que seria mais longa. No mesmo dia em que eu passei o dia na Falésia, o Boris, Nilson e Ricardo fizeram uma investida muito bem sucedida a uma parede no mesmo Vale, porém em um ponto mais alto. Então, na segunda de carnaval, resolvemos buscar uma linha para começarmos a nossa investida.
Boris foi com o Ricardo e iniciaram a conquista deles, já eu e Marquinho escolhemos um ponto mais a direita para iniciarmos a nossa. Foram 2 dias de investidas para concluirmos uma via, como dito pelo Marquinhos, termômetro de escalada. Uma via E2, conquistada com chapeletas Pingo, mais ou menos 60 metros de via, graduação iniciando em um 4 grau e finalizando em um possível 7c, ainda não repetida, então não temos a confirmação do grau. Só sei que se tornou uma meta guiar e um bom termômetro. Nomeamos a nossa via de Maracangalha em homenagem ao nosso clima animado de carnaval.
Não satisfeita, voltei com o Boris para tentarmos conquistar mais um pouquinho da via que ele e Ricardo começaram. Fiz o meu primeiro furo S2 e ainda cai com a furadeira na mão, essa segunda parte não foi a mais legal, mas está valendo, faz parte do jogo. Nossa fiel companheira esteve presente em todos os momentos das nossas conquistas e ainda deu dicas com seus latidos, nem sempre bem interpretados, mas que valeram. Esta terceira via ainda é um projeto pois não finalizamos, mas já já teremos mais uma nesse cantinho especial do Vale da Mariana.
