Na sexta-feira (30/03) colocamos o pé na estrada (BR-116) rumo ao Parque Nacional de Itatiaia. A trupe estava completa: Eu, Juliana, Samantha e Thaís.
Tínhamos resolvido passar a noite em Resende e seguir para o Parque na manhã de sábado. Para tanto, e dentro do nosso limite orçamentário, buscamos um hotel na internet e fizemos a reserva.
Chegando lá descobrimos o motivo do preço “em conta” para o nosso pouso de uma noite: o hotel era cinco estrelas!!! O número mínimo de estrelas que dava para contar através do buraco na parede em nosso quarto (rs).
Nos dividimos em duas duplas e fomos buscar os aposentos que salvavam. A busca foi em vão. Poeira, mofo, infiltrações, buracos, toalhas encardidas, todos estavam conosco nessa viagem. Como somos brasileiras e não desistimos nunca, abrimos uma bela garrafa de vinho e dormimos em nossos maravilhosos sacos de dormir.
Na manhã de sábado (31/03) levantamos com a corda toda, preparadas para colocar o pé na estrada. Antes de partirmos, resolvemos dar uma olhada no café da manhã. Foi como um oásis no deserto (…) diante de acomodações e estruturas tão prejudicadas, o café da manhã tinha seu valor!!! Aproveitamos para recarregar as baterias e seguimos rumo ao Parque.
Voltando para a estrada fomos até Engenheiro Passos onde pegamos a BR-354 (Rio–Caxambu). Na altura da Garganta do Registro (ao lado de um posto fiscal estadual) tomamos a primeira estrada à direita, caindo na BR-485 (Rodovia das Flores). São aproximadamente 13 km de estrada de terra até o Posto Avançado das Agulhas Negras (Posto Marcão), que dá acesso à parte alta do Parque. Apesar da estrada não ser das melhores, a graça está em transitar pela BR mais alta do Brasil e apreciar uma vista ímpar.
Após a apresentação ao guarda-parque, pegar os braceletes de identificação, a chave do Abrigo Rebouças, estacionar o carro e arrumar as mochilas, seguimos caminhando pela estrada principal do Parque (aproximadamente 30 minutos até o Rebouças).
Depois da primeira curva é possível avistar parcialmente a atração principal: as Agulhas Negras. Conforme nos aproximamos do Rebouças a vista se amplia. Chegamos ao abrigo, escolhemos nossas camas na suíte que fica ao fundo do salão principal, montamos nossas mochilas “de ataque” e partimos para a primeira caminhada: rumo às Prateleiras (2551m).
Como nenhuma das quatro conhecia o Parque, tínhamos uma lista selecionada das principais montanhas, mas não sabíamos as distâncias, graduação de dificuldade das trilhas e outras informações necessárias para um cálculo correto do que poderia ser feito em um dia. Consultamos o guia gentilmente cedido pela nossa amiga Inês e seguimos caminhando pela estrada principal do Parque. Uma característica curiosa é que como ali seria a BR-485 – estrada que cortaria o Parque – parte da “trilha” que leva às Prateleiras ainda é asfaltada.
Ao final da estrada/trilha seguimos à direita começando uma leve subida. A trilha bem sinalizada e a vegetação baixa não nos deram margem a dúvidas sobre o caminho. Após aproximadamente uma hora de caminhada foi possível avistar as Prateleiras que estavam parcialmente encobertas por névoa. No trecho final da trilha iniciou-se um trepa-pedras levemente íngreme, tomando mais 30 minutos até a base das Prateleiras.
Essa montanha tem um aspecto bem interessante, pois aparenta ter sido formada por uma série de pedras enormes que parecem ter sido encaixadas irregularmente umas nas outras, deixando vãos consideráveis entre algumas delas. Sentamos na base, contemplamos a face sul, fizemos um lanche e tiramos muitas fotos. Como as variações de altitude no Parque são pequenas, a trilha até ali tinha sido bem tranquila e rápida. Resolvemos conhecer outras montanhas naquela região.
Voltamos pela trilha de acesso, tomando outra à direita logo após o término do trepa-pedras que levava à base e fomos contornando as Prateleiras, podendo ver a face norte. Cruzamos um vale e logo nos deparamos com a Pedra da Tartaruga. Logo atrás dela estava a Pedra da Maçã que causou debate no grupo por mais parecer com uma pera. Ambas parecem ter sido colocadas ali e estarem equilibradas em uma base pequena, dando a falsa sensação de que rolarão montanha a baixo.
Depois de contemplá-las, continuamos caminhando em busca da Pedra Assentada (2453m). Descemos por uma laje de pedra e identificamos duas trilhas bem fechadas: uma à direita e a outra à esquerda. Optamos pelo lado esquerdo, onde a vegetação estava mais baixa. Seguimos pelo mato até chegar a uma pedra que parecia um “falso cume” da Pedra Assentada. De lá conseguimos ver que a trilha correta seguia pela direita, mas que ela estava praticamente toda fechada pela vegetação.
Como a noite estava para chegar, o tempo estava fechando e não queríamos nos cortar mais com a vegetação, optamos por regressar ao Rebouças. No caminho de volta alguns trovões nos fizeram apertar o passo. A fina chuva chegou e apertamos um pouco mais o caminhar, até que ela foi engrossando e fomos surpreendidas por granizo! Não via chuva de granizo desde a minha infância e definitivamente não é confortável caminhar em pedras molhadas sendo atingida por pedras de gelo. Dói de verdade!!!
Chegamos ao Rebouças encharcadas e Sassá foi fazer um missô para nos aquecermos. Alguns missôs, torradinhas, pastinhas, queijos e “gatorades” depois estávamos aquecidas, secas e muito felizes pela caminhada e pelo dia fantástico que tivemos.
Terminamos a noite de sábado na cozinha, papeando com o pessoal que estava no abrigo, tomando “gatorade” e saboreando as deliciosas batatas rosti que nossa mestre cuca Jú estava fazendo no improviso (rs).
Na manhã de domingo (01/04), levantamos com o intuito de ir à Pedra do Altar (2665m), mas a névoa não nos deixava enxergar nada. Infelizmente, como o dia demorou um pouco a abrir e tínhamos que voltar após o almoço, resolvemos caminhar rumo ao Altar, mas com o compromisso de voltar até às 12 horas, parando onde estivéssemos nesse horário.
Mesmo sabendo que não alcançaríamos o cume, seguimos pela trilha que leva às Agulhas Negras, constantemente sendo “acompanhadas” pelas Agulhas à esquerda e pelas Prateleiras à direita. Passando pela ponte pênsil seguimos através da trilha à esquerda, logo após a “trifurcação”. Conforme íamos subindo a visão das Agulhas Negras (2791.50m) ficava mais bonita. Paramos por algumas vezes para contemplar aquele paredão de pedras disformes riscadas por um pente de aço do cume à base e seus três picos.
Subindo mais, ao lado das Agulhas, encontramos a Asa de Hermes (2641m). Após mais algum tempo de caminhada resolvemos retornar ao Rebouças para pegar nossas mochilas e zarpar de volta ao Rio.
Pé na estrada, parada para comprar queijos e guloseimas e volta para casa depois de um sensacional final de semana com amigas, na montanha e com muita diversão. Qual será a próxima???
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Ana Carolina Oliveira
Que lindo meninas! bela iniciativa, parabéns!